28 de abr. de 2011

Relato Círculo Lua Nova 13 de Março

Com algum atraso... envio relato-inspiração do nosso círculo de domingo, com a alegria de compartilhá-lo também com todas as mulheres presentes em alma...
É um pedacinho grande e sentido de mim... me sinto honrada!
envio bênçãos a todas as mulheres...
Com amor,
Larissa

Círculo de Mulheres Lua Nova... Encontro de 13 de março de 2011, em Casa Branca...
Voltei pra casa carregada, sentindo-me alegre, plena. No meu corpo circulava tanta energia que me pus a arrumar a casa e só parei depois de duas horas! As simpáticas bonequinhas que acompanham o bastão ganharam um lugar na minha estante, camarote para o meu despertar. Vai ser uma delícia acordar e olhar logo para elas! A primeira tem na cabeça um cestinho cheio de bênçãos em forma de pétalas: confiança, gratidão, amor incondicional, estrutura, beleza, serenidade, paz, irmandade, alegria, felicidade, leveza... A segunda carrega um menino pendurado ao seio e me lembra que o nosso corpo é abundância. Abundância sagrada, em nutrição, movimento, feminilidade e força dentro de nós... aos pés dela, repousa o bastão..
Escrevo rápido, são quase 22h, não dormiria em paz sem compartilhar.... A vibração do círculo ainda tão presente em mim. À mente retorna uma imagem... as estrelinhas no coração de cada uma viajando até o centro do círculo e unindo-se em uma só... uma grande estrela sobre o nosso altar que arremessamos com amor ao infinito. Meu peito aberto, iluminado por essa luz... enquanto o corpo perdia forma e viajava com ela, até um lugar onde os contornos não existem e experimentamos ser um. Aconteceu ali, naquele círculo. Na simplicidade de mulheres que se encontram a compartilhar verdades que descobrimos uma também. Círculo de espelhos, onde estou eu, se tudo é reflexo? Em mim, em ti, no outro. Em quem fala e escuta, doa e recebe, em quem se permite e em quem não... A todos esses fragmentos de minha grande alma, que a mim ensinam, recordam, inspiram, enaltecem... eterna gratidão.
No coração novos rostos, cores, sorrisos... Mãe divina, mas sou só eu a perceber em cada uma tanta beleza? Vocês são deusas, maravilhosas como são, cada uma em seu altar de suprema perfeição. Não nos esqueçamos disso. De honrá-lo, de enchê-lo de flores, cuidá-lo com o carinho maior que podemos ter, maior do que o que dedicamos a qualquer pessoa por mais amada que seja. Vistamos nossas saias esvoaçants, na aba sopro de mar e de concha, dancemos a nossa poesia, a alegria da simples existência, a beleza de nosso próprio coração, em celebração magnífica. Teu corpo é teu altar. Teu coração, a morada divina. Tua luz, a luz do mundo inteiro... verdadeiro sol...
E quando nos esquecermos... oh sim, porque nos esquecemos! Pois ainda há jornada no recuperar o nosso real valor... Quando nos esquecermos, haverá sempre um círculo de mulheres. Pronto a rasgar espaço com seu giro encantado, pronto a receber quem precisa de espelho. E nos muitos fragmentos presentes em cada uma das deusas, a inspiração é certeira! Os olhos se enchem de lágrimas, o coração se permite, a alma respira casa. E recorda. Com a alegria de voltar... E em acolhida tão linda, a gratidão abraça tudo. Porque nisso até o perder-se faz sentido, porque nada pode ser mais mágico do que ESSE lembrar. Posso me perder mil vezes. Havendo um círculo de mulheres por perto, serena certeza de que sempre vou voltar.
Na luz e para sempre, guerreiras de minha alma...
Gratidão por esa batalha, pelo percurso que assumimos.
É bênção inigualável ter companheiras tão lindas.
Aha! Aha! Aha!
Que o círculo nunca termine.
Meu coração exalta em ser feminino,
canta canções que aprendemos juntas...
Para um despertar em melodia...
E muito em breve, num amanhecer de luz...
os homens despertarão de um sonho ouvindo entoar ao longe estranha melodia... distinguirão vozes singelas, fortes, decididas.. se levantarão desnorteados buscando essas vozes, procurando ao redor sem saber de onde vêm... No aproximar-se delas, perceberão o céu que clareia, presenciando o raiar de um novo dia... E da direção da montanha, abrigo de florestas e cascatas, casa de nascentes e pássaros, verão mulheres que se aproximam, trazendo um embrulho nos braços, arrastando juntas misteriosa encomenda.
E devagarinho, enquanto a luz se intensifica, perceberão que ali mesmo, envolto em panos e música, coberto de flores e poemas, encontra-se o próprio sol... Sol de brilho novo, renovado por conhecer seu outro extremo, o lado da luz de onde a luz não vem... Sol que aprendeu com as mulheres a abraçar o seu escuro para ver, no gesto, que a luz é irresistível... Sol que um dia quis deixar de representar o homem e disse a si mesmo "eu vou até aquela montanha, onde vozes rezam ao fogo, onde vozes pedem por luz às mulheres... eu vou até lá ver o que elas estão fazendo, e por que há tanto tempo se reúnem evocando luz... "
E na noite em que criou coragem, na noite em que atendeu o chamado, o céu ficou mais escuro. O sol embarcara em uma longa viagem, rumo ao escuro do útero para, conhecendo o seu oposto, descobrir o segredo de sua própria luz.
Naquela manhã, quando tudo parecia mais escuro do que nunca aos homens, as mulheres levantaram o seu canto. Em uma noite, em uma única noite, haviam oferecido ao sol os seus ventres, haviam encorajado o sol, convidando-o a entrar ali... Em uma noite, viveram uma gestação inteira...E então, com a força de seus próprios corpos, com a imensidão maleável de seus ventres, com um grito de força que atravessou os céus, deram a luz a uma nova estrela.As mulheres pariram o sol. Um sol diverso, feminino. Acolheram-no com cantos, ofereceram-lhe seu alimento abençoado, nutriram-no. E levaram-no aos homens, em oferenda, cantando em cerimônia de gratidão...
Daquele dia em diante, um novo sol ilumina a terra, e os homens aprenderam algo que não sabiam sobre si mesmos.Com a beleza desse novo astro, começaram a honras as mulheres. O sol deixou de ser masculino para passar a representar a luz da união. Sorrisos nasceram, pois tudo era assim tão cheio de luz! E os homens foram felizes, lembrando-se de ter dentro de si mesmos, cada um em seu coração, o brilho novo desse sol.
Quando terminei esse texto fui presenteada com a imagem de uma borboleta através de meu próprio sangue... Sorri ao vê-la. Meu sangue viera durante o círculo de hoje, sangue nosso, compartilhado, já esperado e vivido em nós... A borboleta me saudava, saudava meu texto, a bênção do reencontro com a minha própria escrita... Me dizia que minhas asas eram de novo prontas para vôos mais altos, presenteava-me com liberdade. Era eu, no reencontro de mim. Encontrando vocês, encontrei a mim mesma.
Com o sangue, ainda um segundo presente: um nítido e vermelho coração, que parecia ter asas. Coração alado, explodindo de amor. Novo sorriso. A chave de tudo.
Com outro pedaço de papel em mãos, preparei-me para outro presente. Não reconheci de cara o que era, mas girando a imagem por um instante, então pude vê-la. Era a minha imagem. Meu eu esvoaçante. Minha alma borboleta. Meu coração alado, pronto ao vôo no reconhecer-me. Me perco. Me busco. Me encontro. Gratidão por cada passo que há no entre. Gratidão pela mensagem do meu sangue. Gratidão por abraçar as verdadeiras medicinas: nosso círculo, a água, minha escrita, nosso sangue.
Aha!
Gratidão...

Lari Ahmyo*

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