12 de jan. de 2011

Relato por Flor de Câmi [Camila Drumond]

Relato do círculo sagrado da lua nova realizado em oito de janeiro de 2011, por Flor de Câmi, Camila Drumond.

Aha lindas mulheres!
Peço a bênção ao Grande Espírito, à Divina Mãe, às minhas ancestrais, à minha mãe Çãozinha, ao meu Eu SOU e às Deusas que me acompanham. Peço a bênção também a todas as mulheres tecedeiras desta linda rede de círculos femininos e à força que nos une!
Há tempos estou querendo me unir a vocês presencialmente para compartilhar da energia da lua nova em um círculo sagrado! Tantos movimentos e outros ventos não me permitiram chegar antes! Mas decidi que em 2011 este propósito seria realizado, mesmo que uma preguicinha, que vem acompanhando o peso da minha barriga, tentasse me fazer ficar quieta. Já me sintonizo com as mulheres da Terra na força da lua nova há alguns anos, já participei de círculos na Espanha e no Brasil, em lugares distintos. Em 2010 vivenciei a força da lua nova realizando rituais sozinha, fisicamente, mas em sintonia com as rodas que sei que acontecem em diversos lugares. Graças à Deusa venho me vinculando a muitas mulheres que reverenciam o Sagrado Feminino em seu dia a dia e ritualizam esta reverência na força da lua nova compartilhando com outras irmãs. Sinto-me muito enraizada nesta teia do despertar feminino e conectada com todas as irmãs que também estão nesta caminhada, por tantos caminhos diversos. Gratidão a cada mulher que se sintoniza com meu coração peregrino!
Na última lua cheia, em dez, no dia do solstício, fizemos uma fogueira de lindas mulheres na minha casa e tiramos, cada uma, uma deusa do Oráculo das Deusas! Aproveitei para já colocar a intenção da Deusa para o círculo da lua nova. A Deusa que veio me trazer sua presença e mensagem foi a Senhora das Feras, uma mulher nua, com um barrigão gerando um ser, rodeada de selvagens animais também gestantes e que traz a sabedoria das relações em nossas vidas. Para mim foi como uma luva de luz, veio se encaixar perfeitamente com o momento em que vivo e com as questões internas que estão mais latentes pedindo por atenção e cura, e que vêm brotando a partir dos meus relacionamentos. Minha gratidão a esta linda Deusa!
Passei muitos dias pensando em como interpretar esta Deusa na roda, em alguns momentos senti uma preguiça de ir ao encontro e percebi uma certa dificuldade em aceitar o auxílio da energia da Deusa em meu dia-a-dia, em me abrir para a energia do amor em minhas relações dissolvendo as resistências. Senti que a roda seria como um rito de entrega a este meu ciclo. Percebi a dança da mulher selvagem que sou, consciente da oportunidade de cura e transcendência, com a criança interior que habita em mim, apegada a medos e feridas, hesitando em se deixar ser acariciada.
No dia do encontro, sábado, dia oito, foi almoço de oitenta anos da minha avó e durante todo o dia eu ainda pensava se iria realmente, que teria que voltar de ônibus para Sete Lagoas à noite sozinha com meu barrigão, não tinha recebido a mensagem de que horas seria o encontro e blá blá blá. Liguei pra Dani Cuccia e ela me passou as informações. Aí peguei meu bastão, minhas pedras, meu maracá, a minha criança interior medrosa e os desejos da minha alma selvagem, dei as costas pra preguiça e fui...
A Alex me recebeu com um sorriso tão lindo, mesmo sem nunca ter me visto antes, foi muito acolhedor. O ambiente onde foi realizado o encontro também é muito gostoso, espaço de terapias Harmonia e Luz, gratidão pelas portas abertas. A irmã Luíza, que já havia passado com sua leveza como brisa em meu jardim há muitos anos, e eu, éramos as únicas que já tinham chegado e fui me sentindo em casa. Aos poucos as outras irmãs foram chegando, de repente apareceu a Carol, um mulherão que já cruzou meu caminho lindamente quando passei pela Europa, e foi muito bom reencontrar o seu sorriso de olhos azuis brilhantes. Cada mulher já estava vestida com sua Deusa e foi se sentando na roda. Eu me despi e me enrolei em panos, porque a minha Deusa estava nua na carta, e apesar de não ter problema algum em ficar nua no círculo preferi colocar os panos para que as fotos pudessem ser publicadas na internet. Colocamos o altar no meio do círculo, onde coloquei meu bastão, minhas pedras e meu maracá para serem abençoados e para ofertar a presença da minha energia às irmãs e às Deusas. Enquanto esperávamos a Bruna chegar tiramos fotos de cada uma vestida em sua Deusa e proseamos um monte!
A Bruna chegou com suas duas filhotas fadinhas e começamos a nos apresentar e a apresentar as Deusas do tarô. É incrível como cada Deusa que chegou tinha profunda sintonia com os momentos de cada mulher! Salve os oráculos! E salve as Deusas! Eurínome, Feras Eríneas, Senhora das Feras, Maeve, Iemanjá, Iansã, Afrodite, Inana, Maria Madalena e Maria (mãe de Jesus) foram contando suas histórias, nós costuramos as histórias das Deusas com nossas histórias pessoais, cantamos para Iansã e Yemanjá, e percebi o quanto de cada Deusa e de cada irmã também faz parte de mim. As questões da maternidade, do relacionamento com o filho, a força e a dificuldade que é - muitas vezes - relacionar-se com a própria mãe, a necessidade de aceitação e desapego, o espelhamento no outro, o prazer, o sexo, a saudade do mar, a luz e a sombra como complementares, o movimento como energia criadora, entre outras questões foram sendo trazidas ao círculo e despertando a força de muitas de mim mesma.
Depois a Bruna trouxe duas vivências para o círculo. Na primeira foram colocados os quatro elementos no altar, cada um em sua direção correspondente, e cada mulher escolheu o elemento com o qual mais se identifica neste momento. Eu escolhi a água, por estar em um momento muito fluido, gerando um ser em meu ventre, plena de emoções. Cantamos “Terra meu corpo, Ar meu sopro, Água meu sangue e Fogo meu espírito” reverenciando cada elemento e à Mãe Terra e depois iniciamos outra vivência onde nos encontramos caminhando pela sala livremente, nos olhamos nos olhos, reverenciamos as irmãs e seus ancestrais femininos e masculinos. Para mim foi muito forte este momento. Senti a presença de nossos ancestrais, o fogo da chama sagrada queimando energias antigas em meu caminho, a beleza de reverenciar a outra mulher como um ser sagrado e parte de mim. Como um presente das Deusas, olhos cheios de lágrimas, sorrisos e olhares carinhosos caminhavam pela sala se encontrando em abraços de gratidão. As mulheres que sentiram, compartilharam suas emoções e sensações trazidas pela vivência. Eu sinto como uma bênção ter oportunidades de ritualizar esta reverência a outra mulher. Sinto que é uma das grandes necessidades de nossos tempos, ultrapassarmos as barreiras dos padrões de competitividade, inveja e ciúmes que aprendemos a criar nas relações entre as mulheres e deixar brotar de nossas essências a admiração, o amor, o acolhimento, o perdão, o apoio e a confiança entre as mulheres que cruzam nossos caminhos. Isso me veio muito forte nesta vivência.
Nos dispersamos alguns minutinhos para lanchinhos e conversas mais pessoais. Nesta hora a irmã Alex, que estava me enchendo de gentilezas e carinhos durante a roda, com massagens e almofadas, me doulou mais um pouquinho me ensinando exercícios “A pequena ginástica”, que abre o canal da energia do corpo. Incrível como o peso da barriga diminuiu na hora, uma leveza e vigor tomaram conta do meu corpo. Grata flor Alex. Você é uma linda doula! Voltamos ao círculo para o estudo do livro Luna Roja, mas já estava muito tarde e algumas de nós não conhecíamos o livro, então Carol apresentou o tema às irmãs que estavam por fora do assunto. Foi mais um momento muito lindo, curador e rico, pois uma irmã compartilhou de um problema de endometriose, seus sofrimentos nos tempos da sua lua e seu anseio pela cura natural e cada uma foi compartilhando seus saberes e experiências, força e amor. Eu já estava cansada e com bastante sono neste momento, me deitei na roda e persisti para continuar participando, pois a energia era de muita cura e amor.
Fechamos o círculo com cantos ancestrais e as meninas me passaram o bastão do grupo e uma linda boneca de pano para eu ser a guardiã deste mês. Gratidão flores! Recebo honrada e com muito amor e alegria. Definimos que o próximo círculo será na minha casa. Eu pedi para que fosse lá, pois será a última lua nova do Miguel Rayom em meu ventre e gostaria de receber as bênçãos das mulheres do círculo no lugar onde vou parir. Aí lembramos que dia 2 de fev é dia de Yemanjá, que é a mãe de todos os orixás, e surgiram sugestões de cada mulher que já é mãe contar sua história de parto e quem não é mãe ainda pesquisar sobre uma Deusa ou Santa que abençoe partos para contar suas histórias! Fiquei muito feliz com toda esta sintonia!
E para fechar com chave de ouro este dia maravilhoso a linda flor Carol me deu uma carona até a porta da minha casa. Flor, gratidão pela gentileza e carinho. Adorei compartilhar minhas histórias contigo na estrada!
Irmãs amadas, grata por cada gesto, por cada palavra, por cada sintonia, por cada olhar, por cada vibração e ensinamento, grata pelo amor e cumplicidade! Foi tudo lindo e perfeito! Que este seja apenas o primeiro de muuuuuuitos círculos em que estaremos juntas! E que as Deusas nos guiem sempre e fortaleçam os nossos vínculos. Nossos encontros são bálsamo para a Mãe Terra, quando nos curamos, curamos todas as mulheres deste planeta! Amo cada uma de vocês já e desde sempre! Gratidão!!!

Compartilho algumas experiências pessoais sobre os meus ritos:
- Quando ritualizo minhas conexões com Deusas e Deuses, com as forças das luas, com os ciclos, enfim, principalmente com intuito espiritual, faço ritos de abertura e de fechamento dos “trabalhos”. Para mim todos esses momentos são magia.
Normalmente eu incenso meu corpo, meus objetos e as pessoas que estiverem presentes com sálvia ou alguma erva de limpeza, para não trazer para dentro do ritual energias que não são necessárias ou bem vindas. Existem distintas práticas para a limpeza de início de rituais.
Depois da limpeza faço invocações verbalizadas chamando os guardiões e as energias das quatro direções, os ancestrais, os guias e mestres de luz, mestres anscencionados, minha presença EU SOU, as Deusas, enfim, depende da intenção do ritual e de quem quero, ou queremos, presente. Acredito que cada ser já traz junto de si as presenças de guias espirituais, e sempre que me reúno com intuitos de cura, de fortalecimento, de trabalhos energéticos e reverências, chamo e reconheço verbalmente as forças e declaro verbalmente aberto o trabalho. Isso pode ser feito por uma única pessoa dentro de um círculo ou por todos.
Também gosto sempre de ter os quatro elementos presentes no altar durante todo o trabalho, acendo velas, tenho um copo de água, pedras e plantas ou um pouco de terra, do início ao fim do ritual.
Depois disso dou início às vivências e práticas.
Quando termino os trabalhos também faço um decreto de fechamento do círculo, agradecendo às energias presentes, enviando todas elas de volta à luz divina, pedindo que permaneçamos em proteção e conexão por onde formos. Existem decretos de fechamentos de trabalhos muito bonitos e simples! Ou podem ser simplesmente palavras espontâneas com o intuito de encerrar o ritual.

Sigamos compartilhando!!!! Muito bom co-criar, compartilhar!!! Aprendi muito com vocês hoje! E sempre!!!!!!!! AMO!

Flor de Câmi e Miguel Rayom saltitante em meu ventre!

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